O poema popular em som de fundo, tal como na altura em que foi declamado, exprime o verdadeiro sentir de um povo cada vez mais esquecido pelos políticos a quem dá o barranhão onde eles todos comem. Por isso e só por isso o coloquei aqui. Assim sente o povo assalariado rural, reformado e pobre do meu Alentejo, que já só come sopa com “sustança” porque para a carne e para o peixe não há. Que raio, porque não chega o Banco Alimentar contra a Fome lá, ao Alentejo profundo?
Sobre o meu (re) escrito passado, que me desculpe a memória do Professor Rómulo de Carvalho, mas não resisti à comparação dos tempos e à actualidade da sua mensagem. Fi-lo por respeito, admiração e academismo puro, sem me justificar.
Se o tempo que viveu foi mais duro que o actual, do ponto de vista de regime político, não é menos verdade que tal estado de coisas permitia mudanças como a que veio a ser operada por militares e só por eles, no 25 de Abril de 1974.
Apesar da retórica republicana ir já reclamando para si a autoria daquele acto libertador, como aliás fizera na implantação da República, obliterando toda a coragem demonstrada pelos militares que em ambas as ocasiões pegaram em armas e marcaram o destino dum novo Portugal, a verdade é que no espaço de uma geração as figuras da revolução serão outras que não os verdadeiros obreiros dela.
Hoje, manietados e desacreditados, sem treino suficiente e desfalcados de lideres capazes, com o generalato de cócoras para o poder político, as quase inexistentes Forças Armadas serão incapazes de defender o solo pátrio contra abusos internos, quanto mais de ameaças externas.
Há trinta e dois anos que os funcionários públicos, os militares e os elementos das forças de segurança, têm pago as asneiras dos programas políticos dos diversos governos, atingindo um estado de degradação salarial e de autêntico sonegar dos direitos pensionistas para os quais descontaram uma vida inteira, ganhando por outro lado famas de ociosidade, vindas de sectores da comédia rasca e de outra mais elaborada, de laivos paneleirísticos, mas ambas grassando pelo país para gáudio de povo que foge da educação e da cultura como o diabo foge da cruz.
Após o 25 de Abril já morreram ao serviço de Portugal no estrangeiro alguns militares, enquanto no solo pátrio polícias mal armados e equipados, mas dotados de uma coragem inaudita, são baleados e mortos por uma criminalidade que o regime permitiu, negando sempre que ela existia. Pudera, junto das suas gaiolas douradas, com a mesma polícia à porta, não se passa nada.
Ainda há bem pouco tempo elementos da PSP compravam, no chamado Casão Militar, e do seu próprio bolso, “coletes à prova de bala”, por casualidade e só, todos eles eram da Esquadra da Amadora.
Mas o mal reside em que quando se atinge a democracia esta não pode ser derrubada pois é o sistema mais “justo”, assim rezam as teorias da sustentabilidade do sistema democrático. Derrubou-se o “fascismo do compadrio e dos grandes senhores do capital e latifundiários” para se instalar que democracia?
Acabaram os compadrios? – Perguntem quem são os quadros das empresas do estado.
Acabaram os favoritismos? – Onde trabalha a filha de um tal ministro e a fazer o quê?
Acabaram as “cunhas”? – As nomeações para tribunais superiores por pais a escolherem filhos para assessores diz tudo.
Acabaram os favores? – Quem é o novo assessor jurídico da EDP com 10.000 € mês?
Acabaram as injustiças? – Felgueiras, Avelino, Isaltino, Major Batatas, Apito dourado, Casa Pia, apropriação e politização da magistratura, PJ, Chefias militares…etc!
E quem são os culpados deste estado de coisas? É essa corja de funcionários públicos baixinhos, dos militares, esses chulos que agora se manifestam nas ruas, dos GNR’s que são corruptos na BT e os polícias que só querem gratificados. Estes são os grandes culpados, sim culpados, culpados por terem sustentado esses cagalhões no poder sem nunca se manifestarem a sério. Os primeiros paralisando por completo o país com uma greve a sério, os outros por deterem o maior poder reivindicativo que existe e só o usarem em missões ditas de paz, em policiamentos ou na perseguição de bandidos, nunca para derrubar quem os sodomiza diariamente e se cala quando deles ouve falar mal, detendo a tutela mas nunca saindo a terreiro em sua defesa, porquê será?
Porque me refiro só a estes? - Porque são os índices da Função Pública mais baixos. O Anexo A à circular nº 1324 da Direcção Geral do Orçamento, não engana. As gerações futuras que se cuidem que a história condenar-nos-á por nada ter-mos feito.