segunda-feira, maio 08, 2006

Perda Geracional *

Eles sabem que o sonho
é uma constante da vida
duma esperança perdida
de um Abril qualquer
como esta terra cinzenta
em imposto remanso
como este povo manso
vítima de pepétuos assaltos
desses dignitários altos
que em luxo e oiro habitam
e estas gentes que gritam
pl'o país de norte a sul

Eles sabem que o sonho
do povinho se esfuma no tempo
coitadinho, alarve e sebento
sujo, vulgar e sisudo
que fuça através de tudo para obter o sustento

Eles sabem que o sonho
é mazela, é dor, é de fel
base que sustenta o cartel
lobby conspirando no hall
Ganância neo-liberal
povo bronco, pedofilia
tragédia grega, democracia
que é retórica populista
governo do mundo arrogante
Papoilas, ecstasy, implante
caravana Europeísta
escrava da alta-finança

Euro, offshore, um festim
minarete, Osama Bin
mártir, virgem, matança
cocaína do Delfim
Corja manipuladora
raio que a parta, altiva
vampiros de capa festiva
do alto-crime, financiadora
míssil guiado, radar
super-armas, televisão
desembarque de supetão
na Babilónia milenar

Eles sabem e sonham
que o petróleo comanda a vida
e que sempre que o rico sonha
o mundo sofre e balança
como balsa perdida
no desastre da esperança

* Adaptação aos tempos de “A Pedra Filosofal".

21 Comments:

Blogger ALG said...

Está excelente!
Um abraço.

08 maio, 2006 16:34  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Fantástico! Está aí tudo o que é preciso dizer...

Bj ;)

08 maio, 2006 16:38  
Blogger Menina Marota said...

Genial!

"...Eles sabem que o sonho
é mazela, é dor, é de fel
base que sustenta o cartel
lobby conspirando no hall
Ganância neo-liberal
povo bronco, pedofilia
tragédia grega, democracia
que é retórica populista
governo do mundo arrogante
Papoilas, ecstasy, implante
caravana Europeísta
escrava da alta-finança..."

... nem o próprio António Gedeão, se fosse vivo, escreveria de outra forma!
Parabéns pela adapatção do Poema...está divinal!

beijo ;)

08 maio, 2006 16:44  
Blogger lena said...

que excelente adaptação de A Pedra Filosofal

uno a minha voz à tua e:

"...Eles sabem que o sonho
é mazela, é dor, é de fel..."

um grito onde está tudo dito

parabéns Manel

eu estou a melhorar lentamente, demora, mas vai tudo bem, obrigada pelo teu carinho

beijinhos muis e um forte abraço meu amigo

lena

08 maio, 2006 20:10  
Blogger Arte em Movimento said...

É bom ler quando se escreve assim. A Pedra Filosofal ganhou vida de novo. Parabéns.
Franky

08 maio, 2006 21:17  
Blogger Conceição Paulino said...

pegaste num grande ebelo poema e fizeste um belo* e expressivo retrato de um feio país.
N.B -* belo no sentido de perfeito.
Boa noite. Bj
Recebeste o poema?

09 maio, 2006 01:34  
Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

Extraordinária adaptação retratando fielmente o nosso viver...ou será sobreviver?

O texto do Vinícius que deixaste no Beja é mais um valioso momento de leitura e de meditação.

Um abraço

09 maio, 2006 21:23  
Anonymous Anónimo said...

Concordo mas, meu querido Manel, já lá dizia o outro: "mudam-se os tempos/ mudam-se as vontades".

Que assim seja.

Abraço

:)

09 maio, 2006 23:25  
Blogger Memória transparente said...

Gostei de ler esta adaptação, cheia de ironia a qual subscrevo.

Beijinhos.

10 maio, 2006 09:33  
Blogger Conceição Paulino said...

pedi ao A, p/ te dar um abraço qnd se encontrarem. agora peço-te k lhe dês um chi-coração (si k não és home de te atrapalhares com estas manifestaç~es de carinho) Beijo

10 maio, 2006 16:31  
Blogger Conceição Paulino said...

Manel. enviei-te email URGENTE(2 endereços)sobre médico recomendado para o A. Bj

10 maio, 2006 21:29  
Blogger Micas said...

Apenas uma palavras. Soberbo.
Beijos

10 maio, 2006 23:07  
Blogger O Transmontano said...

Amigo,
Se nos meus tempos de estudante, me apresentassem textos destes, lê-los-ia de boa vontade.
Ah, quanta revolta transporto dentro do peito!!!!
Ah, quanto eu não daria, para que o Mundo fosse bola!!!
Quantos chutos no trazeiro destes politiqueiros eu não daria....
Está tudo à espera de uma mudança, mas nada fazem para que ela aconteça.
Pelo menos tu, tens o mérito de despertar consciências, que como juízes adormecidos, acordam para ler e deitam-se de novo para adormecer....
É pena que este povo labrego, não desperte para a luta e para editar uma nova filosofia de vida, onde a consciência, fosse efectivamente um juíz que julgasse e condenasse e não um prisioneiro dentro do peito que apenas vê a realidade, quando alguém, como tu, escreve textos como este....
Onde estava o Sr. Manel Alegre e os outros DEMOCRATAS deste cartel de tráfico e de chulice, antes do 25 de Abril?
Que raiva não sentiria o "Poeta" ou melhor o "Pateta Alegre" se pudesse ter a honra e o previlégio de ler este poema?
Um grande abraço.

11 maio, 2006 18:15  
Blogger lena said...

vim reler, voltar a sentir a força deste poema, que nos faz meditar

vim desejar-te um bom fim de semana

beijinhos muitos para ti meu amigo


lena

13 maio, 2006 11:22  
Blogger Su said...

gostei muito
jocas maradas de sonhos

14 maio, 2006 22:59  
Blogger maria said...

De facto, como a "palavra é uma arma"!!!
A verdade nua e crua!!!
Excepcional!
Beijo

14 maio, 2006 23:23  
Blogger Conceição Paulino said...

estive fora, sem net e sem rede nos telemóveis. Ontem ligeui-te, não atendeste. desliguei. paciência é precisa pois o tempo amadurecerá um belo, doce e suculento fruto de vida. Bem hajas. passei na casota do A.
Bjs. Luz e paz
(ouvi esta canção, pela 1 vez, ao vivo, no castelo de Sines, há muitos anos)

15 maio, 2006 08:55  
Blogger Isabel Filipe said...

Uma bela ... muito bem feita ... real e actual...adaptação ao poema...

Gostei bastante .
Bjs

15 maio, 2006 16:40  
Blogger GNM said...

Muito interessante esta versão!
Gostei imenso.
Parabéns

15 maio, 2006 19:51  
Blogger Menina Marota said...

Espero que não te importes que tenha levado "emprestado" este Poema. Algum inconveniente diz, que o retirarei de imediato do meu Blog.
Um abraço de boa noite ;)

15 maio, 2006 22:55  
Blogger aDesenhar said...

excelente esta adaptação da Pedra Filosofal.
perfeitamente adaptada ou infelizmente actualizada.

gostei desta tua veia poética.

martelar onde e quando é necessário.

Mamma Summae

abraço
manel

21 maio, 2006 18:03  

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