domingo, fevereiro 18, 2007

E Deus Virou Costas ...I

Aproveitámos a noite para estabelecer contacto com o grupo à nossa esquerda, o qual iria tentar a saída da área rumando a sul pelo rio Drina.
A actividade na montanha era enorme. O exército regular sérvio, completamente às cegas e com algum receio de perder mais homens como os que perdeu nessa tarde na troca de tiros havida com o nosso grupo, havia fechado o cerco (assim julgavam) e aguardavam agora pelos “rapazes” do Arkan, os tristemente famosos “tigres”, para nos darem caça. Iríamos ter a “honra” de ter o piorio no nosso encalço.
Evans fora ferido ligeiramente numa coxa, mas estava incapacitado de andar a um ritmo normal. Pepe, um asturiano, tinha as costas com estilhaços. As feridas resultantes, embora superficiais, haviam infectado e tinha febre.
Trocámos Evans por Nick, um inglês doido, que havia sido capitão dos SAS, mas que um percalço o havia despromovido e trazido à Bósnia para “reabilitação”. O plano consistia em atrair a atenção sérvia para norte permitindo que Evans, Pepe e Dan, se pusessem a salvo.
Ninguém esquecia a captura do subgrupo de Carlo, Mike e Esteban. Dan iria ter um trabalho enorme em amparar dois feridos rio abaixo. Informaram-nos que heli-recolha só em segurança e sem “hostis” na zona. Havia que improvisar de novo. Deixámo-los junto à margem agarrados a uns troncos atados por nós uns aos outros e num dos intervalos dos very-lights lançados pelos sérvios, metemo-los no rio. Como que por milagre a lua desapareceu e a noite ficou mais escura. Com tanto escolho e destroços rio abaixo, provenientes dos incêndios e da destruição de aldeias, talvez passassem despercebidos.
À teimosia britânica de Evans contrapus-lhe a minha casmurrice alentejana e o meu “staus” de squad leader. Compreendia-o bem, não nos queria deixar ali, sentia que nos abandonava. Mantivemos o alerta e a segurança e enquanto não os vimos afastar para lá da curva do rio não descansámos.
Os sérvios esperavam que fossemos para sul e para leste, portanto decidimos que nos embrenharíamos na floresta bem para norte, para o interior de território sob ocupação sérvia. Iniciámos assim a “fuga” para a boca do lobo. Durante toda a noite rajadas esporádicas para o interior da montanha anunciavam o receio sérvio em nos perseguir, pelo menos de noite. Batiam a montanha pelo fogo mas não entravam nela. A tarde anterior ficara-lhes na memória.

Quando amanheceu levávamos mais de sete horas de caminhada para norte. Havia agora a necessidade de encontrar uma povoação ou outra referência que nos permitisse saber onde estávamos. O GPS havia ficado sem baterias e agora só pela carta topográfica e caso não estivéssemos “fora” dela. Sempre fui previdente e como trazia comigo um mapa das estradas que comprara em Sarajevo dois meses antes, pelo menos, pelas referências rodoviárias, havíamos de saber onde estávamos. O rádio nem um pio.
Do alto da montanha avistámos Kopachi (Kopaci) bem para trás e para a nossa direita e lá à frente, ainda na bruma estaria Ustipracha (Ustripaca).
Resolvemos escutar o rádio e nada, só “batata frita”. O silêncio em redor, entrecortado por tiros ao longe, bem para sul, indicava-nos que estaríamos em relativa segurança. Decidimos procurar uma das centenas de cavernas que existem nestas montanhas e ali comer e descansar um pouco.
Stefan estava nervoso e murmurou qualquer coisa. Eu já “operava” com ele há três meses e conhecia-lhe as “caretas” que fazia. Três meses de vivência nestas condições equivalem a anos de vida em comum. Acreditem, conta-se mais da nossa vida aos irmãos de armas do que ao nosso melhor amigo, ou até a um pai. Olhei-o e acenei com a cabeça interrogativamente. Olhou para Nick e depois para mim, abanou a cabeça e pegando no meu mapa de estradas propôs-nos aquilo que acreditava ser a nossa única hipótese.
Inflectiríamos o nosso trajecto para oeste – noroeste até um dos pontos mais altos da região, tentando ter “antena” para contactar a base ou esperar que os “bird friends” (aviões de guerra electrónica), lá em cima, muito alto nos céus da Bósnia, conseguissem captar o nosso sinal.

Dormimos por turnos até ao anoitecer e já noite cerrada, sob um céu estrelado, recomeçámos a caminhada em direcção a um ponto alto perto de Jabuka (Iabuka). Voltámos a esfregar uma pasta de ervas esmagadas nas axilas e por todo o camuflado. Estas ervas de cheiro intenso, enganam o olfacto dos cães disfarçando o odor exalado pelo bicho homem.
Caminhámos parando a cada vinte minutos de marcha e escutando durante cinco. Nada, somente o barulho da bicharada nocturna. Olhei o céu sem nuvens e lembrei-me de quando me deitava de costas no chão, ao relento, na traseira da casa da minha avó na aldeia nas noites de verão…que saudades…
Stefan pára de repente e ajoelha silenciosamente. Aproximei-me pé ante pé. À nossa frente, no único caminho possível para passarmos um pequeno vale em altitude, cinco milicianos conversavam em volta de umas brasas. Um camião com uma insígnia na porta indicou-me tratar-se de tropas de Caminhos-de-ferro. Haveria mais alguém dentro do veículo? Seriam só aqueles?

Voltar atrás era impensável. Instalámos e decidimos aguardar pelo amanhecer, esperando que se fossem. Estava a menos de trinta metros deles, arma pronta.
Não dei pelo tempo passar mas aquelas bestas não paravam de beber e de falar todos ao mesmo tempo. Um deles levantou-se e dirigiu-se à traseira do camião, regressando com uma mulher jovem amarrada e amordaçada. Um outro, de pequena estatura levantou-se e caiu para trás, riu, peidou-se, tentou levantar-se e caiu outra vez. Voltou a tentar mas não conseguiu, encostando a cabeça à roda dianteira do camião, adormeceu. Os outros três estavam quase a dormir tal a quantidade de álcool que ingeriram.
O que trazia a moça amordaçada atirou-a violentamente ao chão, vindo cair muito perto da minha posição. Baixou as calças, arrancou as saias à moça e pôs-se nela. Aproximei-me dele e usando a “Fairburn” interrompi a violação. Quando me ergui Nick já havia eliminado o “anão peidão” e preparava-se com Stefan para saltar sobre os outros três. Um deles apercebeu-se do que o esperava e, quando tentou levantar-se para procurar a arma, Nick deu-lhe com a pá de campanha na cabeça. Um som cavo anunciou o rebentar do crânio. Os outros dois nem resistiram.
No camião encontravam-se mais duas mulheres e seis homens ainda novos. Pertenciam a Gorazde. Stefan explicou-lhes quem éramos e eles indicaram-nos o caminho que queríamos. Deixámo-los com os seus anteriores carrascos e adivinhamos-lhe o destino. São assim os Balcãs…há séculos.

18 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Com um abraço e grato pelos teus textos:

Mário Relvas

ALOCUÇÃO DE SUA EXCELÊNCIA O GENERAL CEMGFA POR OCASIÃO DA CONDECORAÇÃO DOS ESTANDARTES NACIONAIS DA 1ª E 2ª COMPANHIA DE COMANDOS DO CENTRO DE TROPAS COMANDOS

Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército,
(…)
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Beja,
Senhor Presidente da Assembleia Municipal,
Senhor Governador Civil do Distrito de Beja,
Meus Generais

Ilustres Entidades civis e militares, A presença de Vossas Excelências nesta cerimónia militar, muito nos toca, pelo que significa de forte ligação entre a instituição militar e a população desta cidade. Este caloroso acolhimento, reflecte o salutar reconhecimento do papel estruturante das Forças Armadas na Sociedade Portuguesa, hoje aqui bem marcado nesta cidade Alentejana.

Saúdo em particular o excelente relacionamento que as Unidades locais e os seus militares – o Regimento de Infantaria Nº3, do Exército e a Base Aérea Nº11, da Força Aérea – mantêm com as autoridades e a população de Beja, e a perfeita e natural inserção dos militares nesta região do País.

A Instituição militar está intimamente ligada à fundação de Portugal e a todos os eventos mais marcantes do nosso percurso colectivo e por isso é particularmente gratificante para o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, presidir a esta cerimónia na capital do Baixo Alentejo, região onde, reza a história, D. Afonso Henriques, que foi o primeiro chefe militar português, poderá ter sido, pela primeira vez, aclamado como “El Rey de Portugal”.

Oficiais, Sargentos e Praças,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Para além da defesa militar do território nacional, as Forças Armadas assumem hoje responsabilidades no âmbito da política externa portuguesa. São tarefas essenciais à afirmação dos interesses do Estado e que reforçam a credibilidade e a afirmação de Portugal no Mundo. No actual ambiente estratégico, a defesa dos interesses nacionais obriga ao empenhamento operacional das Forças Armadas em múltiplas e diversificadas missões no quadro das Nações Unidas, da Aliança Atlântica e da União Europeia. Nesta época de relações globais e por isso à semelhança de outras sociedades modernas, a Segurança e o Bem Estar dos Portugueses, são garantidos, não só pela dinâmica da acção interna, mas também, e de forma crescente, pela nossa capacidade de afirmação no plano externo, em nome dos nossos interesses específicos e partilhados.

É justo e é inquestionável afirmar que, neste domínio e nos últimos quinze anos, as Forças Armadas são porventura dos nossos melhores embaixadores, não só pela visibilidade e prestígio que têm feito reverter para Portugal, mas sobretudo pelo que lhes é reconhecido como resultado do seu empenhamento externo em múltiplos teatros de operações. Desta acção das Forças Armadas tem resultado uma apreciável margem de liberdade e de iniciativa para a acção política do Estado Português e tem decorrido mais Paz, mais Segurança, mais Estabilidade, mais Desenvolvimento, mais Estado de Direito e mais Direitos Humanos para esses países e esses povos.

É a necessidade muito forte desta cooperação internacional que torna imperativo o actual carácter expedicionário das Forças Armadas, para dar resposta às novas e diversificadas ameaças que se colocam às sociedades contemporâneas. Felizmente que no caso nacional a percepção do perigo real destas ameaças apenas tem sido directamente enfrentada, em todas as suas manifestações, pelos militares que sucessivamente têm sido empenhados nesses diversos e muito complexos teatros de operações.

É a resposta construtiva e responsável que no quadro da comunidade internacional Portugal tem dado a esse tipo de ameaças que no fundo justifica esta cerimónia. Os militares das duas Companhias de Comandos, que hoje se honram com as condecorações que as suas Unidades irão justamente receber, enfrentaram durante o período dos seus destacamentos, todos os tipos de violência e de dificuldades no difícil teatro de operações do Afeganistão. Foram soldados corajosos no cumprimento da missão militar que o País lhes confiou. A essa coragem não foi alheia a força anímica, a serenidade e o apoio dos familiares, amigos e camaradas, que em Portugal, nunca deixaram de estar presentes e de os acompanhar. Esta ligação, este indispensável apoio de retaguarda, contribui de forma decisiva para a eficiência, unidade e coesão de uma força militar.

Na linha das suas tradições históricas, as actuais Tropas Comandos, hoje naturalmente ajustadas aos novos requisitos operacionais como uma Infantaria muito especializada e diferenciada, herdaram a coragem, a determinação e a competência profissional, sobejamente reconhecidas aos “Comandos” criados na década de 60, então como Tropas Especiais, para missões nos Teatros de Operações das Ex – Províncias Ultramarinas que cumpriram brilhantemente.

Evoco aqui o exemplo patriótico e esforçado desses militares porque na sua essência os valores por que se motivaram, empenharam e combateram não são diferentes dos do presente, consubstanciando-se na condição militar e na inerente defesa do valor maior e que se resume a uma só palavra – Portugal.


Militares da 1ª e 2ª Companhia de Comandos que fizeram parte da Força de Reacção Rápida (QRF) da Força Internacional de Segurança e Assistência da NATO (ISAF), no Teatro de Operações do Afeganistão
As condecorações que no seu alto critério Sua Excelência o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, entendeu atribuir colectivamente às duas companhias de comandos, significam uma honra para vós, para o Exército e para as Forças Armadas. São o reconhecimento público dos vossos serviços excepcionais, relevantes e distintos, prestados em ambiente de campanha no Teatro de Operações do Afeganistão. Sabemos que este reconhecimento é justo para vós e para os militares portugueses. Estas condecorações premeiam a coesão e o espírito de corpo que vos permitiram vencer situações particularmente difíceis. Situações em que foram postas à prova as vossas elevadas qualidades de abnegação, robustez física e psicológica e sentido patriótico. Da vossa acção resultou o prestígio e a afirmação das Forças Armadas e do País, num ambiente operacional muito exigente e com elevados riscos .

Seria insuficiente referenciar este sucesso apenas às Companhias de Comandos enquanto unidades de manobra das Forças Nacionais Destacadas no Afeganistão. Este sucesso é também e em moldes absolutamente idênticos, o resultado da acção igualmente competente, igualmente abnegada, igualmente empenhada e igualmente corajosa das demais componentes da Força: o seu elemento de comando, o Destacamento de Apoio de Serviços e o Grupo de Controlo Aéreo Táctico. Todos reflectindo uma excelência de aprontamento e uma sustentação logística que, tanto quanto o desempenho operacional, são indispensáveis ao sucesso das missões militares.

É neste contexto que hoje também evoco a memória do 1º SAR Roma Pereira, que pereceu no campo do dever militar quando cumpria uma de muitas missões no Afeganistão. Saúdo também o Cabo Horácio Mourão, gravemente ferido na mesma circunstância, evacuado em situação muito critica para Portugal e que entregue aos cuidados do Serviço de Saúde Militar e em particular do Hospital Militar Principal, superou as melhores expectativas de recuperação, no que também se evidenciou a essencialidade da saúde militar, a sua razão de ser operacional e a excelência dos estabelecimentos e dos profissionais que a constituem, honrando uma natureza militar e uma dependência militar que em Portugal é rica de mais de trezentos anos.

O significado desta cerimónia deve também ser entendido num outro plano identicamente mais vasto, para abranger as largas dezenas de milhar de militares que serviram, ou servem hoje, no cumprimento de missões operacionais no Afeganistão, Angola, Bósnia, Congo, Kosovo, Iraque, Líbano, Moçambique e Timor-Leste.

A qualidade insuperável do seu desempenho tem contribuído de uma forma ímpar para o prestigio e a afirmação de Portugal na cena internacional e para a paz, a segurança, a estabilidade e a melhoria do nível de vida das populações dos países em que essas operações se têm desenrolado. Os militares portugueses têm ombreado com os mais exigentes critérios de avaliação operacional, o que é motivo de orgulho para as Forças Armadas e para o País. As Forças Armadas são por isso um factor de sucesso, num Portugal moderno e internacionalmente competitivo.

Este desempenho só é possível se alicerçado na coesão, na disciplina e no moral elevado, aceitando os riscos e as limitações inerentes à condição militar.

Existindo em função da necessidade do Estado, a condição militar é por isso um valor que pertence ao Estado, a quem assegura e proporciona a indispensável liberdade e independência da sociedade nacional.

A condição militar impõe obrigações e restrições a todos os militares em todas as situações, tendo tradução prática num conjunto de deveres e direitos, indissociavelmente interligados, que naturalmente não tem, nem pode ter, qualquer correspondência no âmbito da Administração Pública.

Por inerência das exigências profissionais que lhes incumbem, só os militares estão sujeitos às restrições de direitos, liberdades e garantias constitucionalmente previstas, designadamente, a isenção política, partidária e sindical, o direito à greve, o direito de reunião, o direito de manifestação, a liberdade de expressão e a capacidade eleitoral passiva. Só os militares estão também sujeitos à permanente disponibilidade para lutar em defesa da Pátria, se necessário com o sacrifício da vida; à sujeição aos riscos associados ao cumprimento das missões militares; à sujeição a um regime disciplinar que inclui penas privativas da liberdade; à permanente disponibilidade para o serviço, ainda que com sacrifício dos interesses pessoais, inclusive de ordem familiar.

Não é concebível a existência de Forças Armadas sem esta exaltante servidão. Como também não seria concebível que o Estado pudesse pretender regular o funcionamento das suas Forças Armadas, sem lhes reconhecer a sua natural diferenciação, traduzindo-a também num tratamento específico para os seus elementos, o que não deve ser confundido como querendo dizer privilégio ou favor.

É preciso ter também em conta que hoje a totalidade dos militares portugueses são profissionais e que, quando destacados para missões no exterior do território nacional por períodos longos, a sustentação da sua estabilidade emocional para enfrentar situações de risco, depende em grande parte da percepção que têm quanto à segurança e suporte com que o seu agregado familiar pode contar, designadamente nos planos da assistência na saúde e do apoio social e psicológico.

É por esta razão que sempre foi e continuará a ser importante o papel da Família Militar, enquanto conceito solidário que mutuamente proporciona confiança, estímulo, segurança e estabilidade psicológica ao militar que corre riscos em operações e, na retaguarda, à sua família.

Tendo como exigência a condição militar, compete ao Estado ser também o garante deste conceito. É um conceito cujo fundamento não carece de tradução legislativa. Ainda assim, e muito pertinentemente, o conceito de Família Militar encontra entre nós acolhimento pleno na Lei da Assembleia da República que define o Estatuto da Condição Militar.

Os militares regem-se por valores e aceitam as exigências e restrições. Os militares apreciam, em particular, no que também são diferentes, o salário moral de que esta cerimónia é um bom exemplo e testemunho. É preciso que se valorize a importância do salário moral, porque assim se assegura a correcta hierarquia dos valores e a condição militar, com as inerentes consequências positivas para a noção de Estado como é entendida e praticada no Mundo civilizado e moderno a que pertencemos.

Militares,
Os Portugueses confiam na unidade, coesão e disciplina das Forças Armadas para a defesa dos superiores interesses de Portugal. Sempre soubemos servir os Portugueses em todas a situações. Saberemos e iremos continuar a fazê-lo. Continuaremos a ser exigentes na observância da condição militar, promovendo que estejam sempre disponíveis as regras e os instrumentos necessários ao seu exercício, tanto no plano dos deveres como das correspondentes compensações.

Uma palavra de confiança e de estímulo aos militares que vão integrar a Força de Reacção Rápida da NATO, partindo dentro de dias para o Teatro de Operações do Afeganistão. Ireis render uma Força centrada na 11ª Companhia de Paraquedistas. Uma Força que muito recentemente visitei e que à semelhança das que a antecederam, também enfrenta dificuldades, corre riscos e continua a ser reconhecida como sendo das melhores forças no teatro de operações, evidenciando que, mesmo com lacunas de equipamento, existe hoje qualidade na generalidade dos sectores das Forças Armadas Portuguesas.

Confio em vós e no vosso profissionalismo, no elevado espírito de coesão e entreajuda que vos caracteriza, nos valores que orientaram a vossa preparação operacional e que por certo vos darão a necessária força anímica para ultrapassar os obstáculos inerentes a qualquer missão militar e que são especialmente exigentes naquele Teatro.

Podeis estar seguros que na retaguarda, a família militar estará sempre na primeira linha das preocupações da Instituição militar. Estou convicto que também todos os portugueses estarão sempre atentos ao vosso desempenho, respeitando-o como é devido sabendo que só militares assumem semelhante responsabilidade e que o fazem em nome de Portugal.

Estado-Maior General das Forças Armadas, 06 de Fevereiro de 2007

O Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas

Luís Valença Pinto
General

18 fevereiro, 2007 12:13  
Blogger ALG said...

Cada vez mais "dependente" destes teus textos que relatam de forma soberba a realidade da guerra.

Abraço companheiro.

18 fevereiro, 2007 12:40  
Blogger O Transmontano said...

Belo texto o teu Manel. Não espanta. Quanto ao camarada que fastidiosamente publicou o discurso do Sr. Gen. CEMGFA, espero que tenha a consciência de que aquilo são só palavras que obrigariam à defesa do seu significado. Duvido muito que o Sr. Gen. seja capaz de o fazer na Hora da Verdade. Duvido...Aliás os exemplos do dito por não dito, faz-me lembrar as correcções no registo de alterações que tinham por usual reagir ao engano com uma palavra que é mais ou menos isto: -Onde Digo, digo, não digo, digo, Digo, Diogo. Ou seja, uma coisa é aquilo que se diz, outra coisa, é aquilo que se sente. Palavras? Leva-as o vento. Um abraço.

18 fevereiro, 2007 20:48  
Blogger Um Poema said...

Nestes teus relatos, sente-se que à selvajaria da guerra ainda há quem saiba contrapor bom senso, camaradagem, coragem e humanidade.
Obrigado por partilhares connosco os teus fantasmas.
Um abraço

19 fevereiro, 2007 00:55  
Blogger Isabel Filipe said...

os teus relatos deixam-me sempre impressionada ...
mas este ainda mais ...
sem dúvida que qualquer guera é um filme de terror ... só que não é um filme


boa semana~
bjs

19 fevereiro, 2007 13:35  
Anonymous Anónimo said...

Transmontano, viva, sei que são palavras, mas é que foram condecorados os meus camaradas e isso para mim é sempre salutar.

Principalmente quando vi a esposa do nosso camarada "que por actos valorosos da lei da vida pela lei da morte se libertou" 1º Sargº cmd Roma Pereira na tribuna ao lado do Coronel cmd Marco Serronha, comandante do CTC...

Temos que elevar a moral dos que servem a Pátria, mas apagar os que se servem da mesma!...

Só isso!

Amigo Manel:

O teu texto é DIGNO, gosto muito da tua escrita e tenho muitas saudades do meu Regimento, das minhas tretas que estão CRAVADAS aqui...onde o punhal do crachat Comando aponta- ao chefe, ao coração!

"Legio Patria Nostra"
"Audaces Fortuna Juvat"

Viva PORTUGAL, o que resta dele!

Mama Sumae

20 fevereiro, 2007 00:11  
Anonymous Anónimo said...

Faleceu o Coronel Comando Barbosa Henriques- O Bomba H

Partiu,mas ficou!

As minhas mais profundas e sentidas condolências á família, aos Comandos e aos Polícias.

Lembro que comandou o CI- Corpo de Intervenção da PSP.

Recordo um episódio em que na margem sul "trabalhadores" encerravam a fábrica onde trabalhava e ele foi lá ter á civil, pois já estava lá uma Meia do CI.

Quando lá chegou foi para frente e como estava á civil enquanto carregava levava também porrada dos seus homens e gritava:-Porra vocês não conhecem o vosso comandante?

Um grande homem que para lá das campanhas africanas, do Regimento de Comandos, prestou um enorme serviço ao País na PSP!

No CI era conhecido como o Zé da Bóina porque usava a bóina encarnada dos Comandos!

Por isso o marchar diferente do CI, semelhante ao dos Comandos.


"Até sempre"

"QUEM NASCEU NÃO MORRERÀ"

Aqui fica o lema do CI interligado ao nosso Comando:
POR MAIORIA DE RAZÃO
A SORTE PROTEGE OS AUDAZES
_________________
"Quem faz do perigo o seu pão
Do sofrimento o seu irmão
E da morte a sua companheira"

A Sorte Protege os Audazes

Mama Sume
cmdrelvas

21 fevereiro, 2007 00:42  
Blogger LUA DE LOBOS said...

nem sei comentar... mesmo!
um xi muito apertado
maria d4e são pedro

21 fevereiro, 2007 09:41  
Blogger Ana Luar said...

Pergunto eu... que mal fez esta gente?
Onde está Deus, enquanto existem seres humanos inocentes a sofrer na pele a frivolidade de uma guerra?

Sabes Manel... és o meu herói!

23 fevereiro, 2007 12:21  
Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

O REGRESSO

Os amigos insistiram no regresso do “BEJA”.

O desejo íntimo também era grande…

Porque não dar vida de novo a este projecto?

Além das notícias do Alentejo voltamos a ter outros

temas interessantes e sempre a lembrança dos

bons Poetas Alentejanos e não só.

Assim decidimos voltar e esperar o bom acolhimento

de sempre dos Amigos que aqui encontrei e dos

novos que porventura nos visitem.

Abraços amigos

26 fevereiro, 2007 02:52  
Blogger Paulo said...

Só mesmo para desejar-lhe um bom trabalho.
Abraço
Paulo

26 fevereiro, 2007 05:22  
Blogger agua_quente said...

Terrível relato que nos deixa de coração apertado. Tal como dizes: "São assim os Balcãs...há séculos". E tantas outras zonas deste planeta...
Beijos

26 fevereiro, 2007 12:01  
Blogger as velas ardem ate ao fim said...

Realmente Deus abandonou esta gente feita de carne e osso.

Gosto de te ler apesar de ser spre doloroso.

um grande bjinho

28 fevereiro, 2007 20:29  
Anonymous Anónimo said...

Nota de imprensa de 27-02-2007
"A ONU exculpa á Serbia do genocidio na guerra de Bosnia"....!!!???
Sem comentários........

01 março, 2007 13:15  
Blogger lena said...

Manel, meu querido amigo, emociono-me sempre que te leio

os teus relatos são tão verdadeiros e sentidos que me sinto no meio de toda aquela violência e as lágrimas acabam por tomar conta de mim

tanto sofrimento...

abraço-te com muita ternura, com muito carinho, abraço-te profundamente Manel

beijinhos muitos para ti

lena

05 março, 2007 12:52  
Blogger Barão da Tróia II said...

Continuo a insistir! Quando é que o amigo põe isto no prelo, a qualidade excelente justifica-o pense nisso. Boa semana.

06 março, 2007 08:59  
Anonymous Anónimo said...

Aguardamos mais amigo Manel!


Abraços

Mário Relvas

07 março, 2007 20:33  
Blogger Micas said...

Sempre que acabo de te ler fico com o peito apertado e sem saber o que dizer...limito-me a usar as mesmas palavras que alguém deixou no texto anterior, "Ler-te é fazer uma viagem ao inferno... e pensar nos muitos infernos que existem neste mundo".
Deixo-te um abraço apertado Manel

08 março, 2007 18:01  

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