quarta-feira, setembro 07, 2005

A quem melhor cantou o meu Alentejo


Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do monte
A planície é um brasido...e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o Sol pesponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!

In FLORBELA – Espanca, Charneca em Flor -1930.

2 Comments:

Blogger Menina Marota said...

Um Poeta que muita gente não gosta, mas que eu considero que a par de outros, cantou a alma Portuguesa...

"A luz que te ilumina,
Terra da cor dos olhos de quem olha!
A paz que se adivinha
Na tua solidão
Que nenhuma mesquinha
Condição
Pode compreender e povoar!
O mistério da tua imensidão
Onde o tempo caminha
Sem chegar!...
"
(Alentejo-Miguel Torga)

12 setembro, 2005 12:48  
Blogger Zica Cabral said...

sempre adorei este poema da Florbela.Todso os da Florbela, aliás
Não sou Alentejana, mas adoro o Alentejo que conheço muito bem. Aliás eu adoro Portugal inteiro que considero um país lindo. Mas claro que as minhas memorias de infância são sobretudo na Beira Alta.

21 setembro, 2005 17:17  

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