quarta-feira, agosto 13, 2008

Que realidade?


" O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-carácter, dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons"


Dr. Martin Luther King


É-me cada vez mais pesaroso elaborar sobre a realidade escandalosa do meu Portugal. Que raio de óculos usam os governantes para verem realidades coloridas que eu não vejo? Ou será que tomam outras substâncias, bebíveis ou sólidas, que os faz ter uma percepção da realidade diferente da minha? Se é assim também quero e até podem ser genéricos, que fica mais em conta.
Fossem cidadãos brancos os que não quisessem os ciganos ou os pretos em qualquer bairro deste país e já teria caído o Carmo e a Trindade. Sim, porque o trauma colectivo de branco-negreiro-esclavagista-colonialista foi-nos incutido de tal maneira que qualquer dia pedimos até desculpa por nascer num país onde cumprimos a lei e pagamos impostos.
Sim, porque todos aqueles brancos, pretos, ciganos, amarelos, indianos, caucasianos, balcânicos, enfim, todos os que trabalham e pagam os seus impostos, suportam os parasitas sociais, também eles brancos, pretos, ciganos, amarelos, indianos, caucasianos, balcânicos, que em nada contribuem para este país porque se incutiu um comportamento na nossa sociedade de “deixa lá é melhor não fazer ondas que os gajos são maus”.
Uma grandessíssima caca. Mau sou eu!
Sou mau pai porque não me rebelo contra o “proxenetismo” político e dos que não querem trabalhar, prejudicando, assim, os meus filhos em favor dos filhos da puta de diversas estirpes.
Sou mau cidadão porque não me rebelo contra a situação que vivem os reformados deste país que contam os míseros trocos para a comida e medicamentação, enquanto nos parques de estacionamento dos bairros sociais há máquinas de € 20.000 para cima e nas casas, que todos nós contribuintes pagámos, há plasmas de € 2000, DVD’s, Playstations e electrodomésticos de ponta, a troco de €5 de renda por mês.
Vão à MERDA todos aqueles sobre quem impede o dever de fiscalizar e punir os abusadores e fecham os olhos. Não os mando apanhar no esfíncter porque alguns até agradeceriam e lhes dava jeito.
Sou pouco solidário e muito camelo porque permito que brancos, ciganos e pretos fujam aos impostos, não trabalhem, andem bem vestidos e em bons carros, enquanto outros brancos, pretos, ucranianos e de outras regiões do leste europeu, honestamente “vergam o aço” nas obras e em outros locais deste país.
Por fim sou mau patriota porque permito que estes “invasores” desrespeitem todos aqueles que independentemente da cor da pele, credo religioso ou modo de vida, trabalham e pagam impostos, sempre esperançados numa redistribuição da riqueza de forma mais equitativa. Mas… há sempre um mas… esses brancos, pretos, ciganos, amarelos, indianos, caucasianos, balcânicos, etc, dão votos e estão bem contabilizados.


Outra coisa. Não sei que raio de moda é essa de agora chamar aos pretos afro-europeus ou afro-descendentes. Que vómito de trauma é esse? Então aqueles brancos que nasceram lá são o quê? Euro-africanos ou euro-descendentes? Deixem-se de merdelices e de traumas medíocres ou agora tenho de andar a alombar com estigmas colonialistas a vida toda? Fosse o Mugabe branco e já estariam a caminho esquadras navais e forças terrestres para parar o assassino que por sinal até usa um bigodinho apaneleirado como o tio Adolfo.
A propósito de merdas, das bem feitas claro, quero endereçar os meus sinceros parabéns à PSP. Desde logo porque dois tiros naquelas condições de luminosidade, após espera prolongada na mesma posição, não são para qualquer um. E o segundo tiro até foi dado com o alvo em movimento (podia ter corrido mal).
Foram criminosos brasileiros como poderiam ter sido criminosos portugueses ou de outro lugar qualquer. O crime não tem nacionalidade e, friamente, antes eles que qualquer inocente. O que importa relevar é que a Polícia portuguesa quando as regras de empenhamento são claras, é tão boa ou melhor que qualquer polícia do mundo. A mensagem está dada e os politicozinhos que todos os dias têm homens destes a prestar-lhes segurança, equipem os corpos a que eles pertencem com melhor equipamento e armamento e possibilitem-lhes horas de treino que vão ver que depois o trabalhinho aparece sempre bem feito.


Outro assunto.
Não sei devo rir se devo chorar ou, em alternativa, beber uns copos e depois rir e chorar ao mesmo tempo. O militar da GNR que, no exercício das suas funções, acabou por balear o menos culpado, após ter sido posta em perigo a sua integridade física por aqueles que desrespeitaram propriedade privada, levando consigo um menor para que aprendesse as artes ancestrais da família e cujo pai é foragido desde 1999, foi constituído arguido e, pasme-se, vai ser alvo de queixa crime por parte da família dos criminosos.
Mas está tudo parvo ou quê?
Ai políticos do meu país, a vós estas palavras…

"Uma nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos, mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesma.
Um inimigo exterior não é tão perigoso, porque é conhecido e transporta as suas bandeiras abertamente.
Mas o traidor move-se livremente dentro do governo, seus melífluos sussurrossão ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do Estado.
E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com familiaridade com as suas vítimas, usa a sua face e suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas.
Ele arruína as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto que este sucumbe".

(Discurso de Cícero, tribuno romano, 42 a.C.)