Gazeteiros, Pasquineiros e outros...
Sobre quem impediria então a responsabilidade de por a nu tudo isto? Blindados e escudados no tal dever de informar que, presumivelmente, nos garante a nós, povinho, o direito a ser informado, será pois aos mensageiros dos "deuses", aos arautos das boas e más novas que compete dar a conhecer a verdade, não aquela verdade já filtrada por critérios editoriais ou de conveniência política, mas a verdade real, não fabricada na sede do Partido ou no Conselho de Administração do Órgão de Informação.
Assim seria se o Estado de Direito não tropeçasse nas meras declarações de intenção do texto constitucional, lindo mas inexequível.
Há uns anos, dizia um Professor de Direito, que estaríamos “fritos” o dia em que as gerações de “bacharéis” chegassem ao poder. O que o Velho Mestre previu aconteceu, pois estudantes de várias áreas, in casu do direito, que quando ocorreu o 25 de Abril, frequentavam o quarto ano jurídico foram bonificados com as famosas passagens administrativas, nesse e no ano lectivo seguinte, mas na segunda vez por serem dirigentes estudantis e associativos dos vários núcleos políticos estudantis.
Não admira, naturalmente, pela verdadeira e evidente falta de preparação técnica para a prática do direito, que alguns hajam optado por outras profissões onde a dialéctica fosse uma mais valia no desempenho do novo mister. Assim surgiram alguns comunicadores, paladinos da verdade social e, assim que lhes era dada oportunidade, regurgitavam o seu ódio mal escondido às instituições que lhe facultaram o uso da palavra dessa forma.
Juraram, como idealistas na juventude, buscar e relatar sempre a verdade jornalística, doesse a quem doesse. Nenhum governo lhes calaria a voz quando a verdade estivesse em causa, assumir-se-iam como um quinto poder, capaz até de fazer cair governos. Que garantia para a democracia, que bela havia sido a conquista.
Mas porque se não levantaram contra o minguar de direitos dos beneficiários da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações? Porque será que se mantém caladinhos? Objectividade da análise jornalística? Naaaaaaaa!!!
Acordem portugueses, votantes burros e contribuintes asnáticos, o subsistema de saúde dos “Fazedores de Opinião” é intocável, daí o terem parado os ataques ao governo do Sôr Engenhêro.
Que alguns gazeteiros, pasquineiros, microfonistas, entrevistadores e filmadores eram compráveis já todos sabíamos, hoje, infelizmente, determinámos-lhe o preço. A Caixa de Previdência e Abono de família dos Jornalistas é dirigida por uma Comissão Administrativa, cuja presidência é ocupada pela progenitora do Ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da SIC, Ricardo Costa. A dita senhora, como não ostenta Costa no nome, não dá nas vistas, uma vez que a sua sina é Maria Antónia Palla Assis Santos. O Ministro José António Vieira da Silva declarou, em Maio último, que esta Caixa manteria o mesmo estatuto, incluindo regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS e os outros subsistemas de saúde.
É nestes momentos que eu gostaria de ouvir a acutilância escarrada de Miguel Sousa Tavares, acérrimo anti funcionalismo público e anti militar, tendo-os já referido como “beneficiários mais que beneficiados que os restantes contribuintes não podem e estão fartos de suportar”. Em contrapartida suportamo-los nós, aos reporteiros, microfonistas, entrevistadores e alguns, embora muito poucos, jornalistas stricto sensu, diga-se em abono da verdade, pois há-os.
Lamentável foi a peçonha com que MST atacou as “benesses” da função pública e de outros funcionários do Estado e não se insurge agora face á desigualdade evidente. Apesar de escrevinhar para aí umas coisas, falta-lhe a dimensão intelectual, culta e artística da mãe, assim como a intelectualidade, a dimensão democrática e a verdadeira essência do ser jornalista, apanágio do pai. É alguém que larga umas atoardas e a sociedade vai desculpando em nome dos seus progenitores, muitas vezes toldado por raivas surdas não tratadas mas tratáveis.
Mais um reporteiro, pois um jornalista relata a notícia e comenta-a objectivamente (não, não é a olhar para a objectiva da câmara), deixando a subjectividade analítica para os especialistas na matéria. Um burgesso, mais um, que apesar da inteligência e pedigree, o canudo, no entanto, a nível comportamental, mal lhe esconde o tamanho das orelhas.
Coitado do meu Portugal…