terça-feira, maio 30, 2006

Intervalo


“Dói-me a cabeça e o universo” – Fernando Pessoa
“ Gostaria de deixar claro que os concorrentes são determinados por indicações feitas pelos concorrentes e por seus amigos e leitores.”
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Aos que contribuíram para que este espaço, que é de todos, estivesse a votação na próxima quinzena (01 a 15 Junho), a certeza de que vos toquei a alma de alguma forma e o meu grande obrigado pela distinção na escolha.

A surpresa da nomeação só tem par na vontade que me anima de denunciar as injustiças que conheço, contra conselhos de amigos, avisos de colegas e ameaças de alguns sectores anónimos mas identificáveis.

Aos últimos estas certezas:

- Meia tonelada de bife bravo assusta mas nunca me meteu medo;

- Não me escondi em doenças nem debaixo de mesas de snooker para sair de zonas de Guerra, fazendo as minhas e as missões dos cobardes;

- Não temam o lobo a não ser que lhe ataquem as crias ou a fêmea.

A todos os que fizeram e fazem parte da minha vida.

quarta-feira, maio 17, 2006

Vox Populis

O poema popular em som de fundo, tal como na altura em que foi declamado, exprime o verdadeiro sentir de um povo cada vez mais esquecido pelos políticos a quem dá o barranhão onde eles todos comem. Por isso e só por isso o coloquei aqui. Assim sente o povo assalariado rural, reformado e pobre do meu Alentejo, que já só come sopa com “sustança” porque para a carne e para o peixe não há. Que raio, porque não chega o Banco Alimentar contra a Fome lá, ao Alentejo profundo?


Sobre o meu (re) escrito passado, que me desculpe a memória do Professor Rómulo de Carvalho, mas não resisti à comparação dos tempos e à actualidade da sua mensagem. Fi-lo por respeito, admiração e academismo puro, sem me justificar.
Se o tempo que viveu foi mais duro que o actual, do ponto de vista de regime político, não é menos verdade que tal estado de coisas permitia mudanças como a que veio a ser operada por militares e só por eles, no 25 de Abril de 1974.
Apesar da retórica republicana ir já reclamando para si a autoria daquele acto libertador, como aliás fizera na implantação da República, obliterando toda a coragem demonstrada pelos militares que em ambas as ocasiões pegaram em armas e marcaram o destino dum novo Portugal, a verdade é que no espaço de uma geração as figuras da revolução serão outras que não os verdadeiros obreiros dela.
Hoje, manietados e desacreditados, sem treino suficiente e desfalcados de lideres capazes, com o generalato de cócoras para o poder político, as quase inexistentes Forças Armadas serão incapazes de defender o solo pátrio contra abusos internos, quanto mais de ameaças externas.
Há trinta e dois anos que os funcionários públicos, os militares e os elementos das forças de segurança, têm pago as asneiras dos programas políticos dos diversos governos, atingindo um estado de degradação salarial e de autêntico sonegar dos direitos pensionistas para os quais descontaram uma vida inteira, ganhando por outro lado famas de ociosidade, vindas de sectores da comédia rasca e de outra mais elaborada, de laivos paneleirísticos, mas ambas grassando pelo país para gáudio de povo que foge da educação e da cultura como o diabo foge da cruz.


Após o 25 de Abril já morreram ao serviço de Portugal no estrangeiro alguns militares, enquanto no solo pátrio polícias mal armados e equipados, mas dotados de uma coragem inaudita, são baleados e mortos por uma criminalidade que o regime permitiu, negando sempre que ela existia. Pudera, junto das suas gaiolas douradas, com a mesma polícia à porta, não se passa nada.
Ainda há bem pouco tempo elementos da PSP compravam, no chamado Casão Militar, e do seu próprio bolso, “coletes à prova de bala”, por casualidade e só, todos eles eram da Esquadra da Amadora.
Mas o mal reside em que quando se atinge a democracia esta não pode ser derrubada pois é o sistema mais “justo”, assim rezam as teorias da sustentabilidade do sistema democrático. Derrubou-se o “fascismo do compadrio e dos grandes senhores do capital e latifundiários” para se instalar que democracia?
Acabaram os compadrios? – Perguntem quem são os quadros das empresas do estado.
Acabaram os favoritismos? – Onde trabalha a filha de um tal ministro e a fazer o quê?
Acabaram as “cunhas”? – As nomeações para tribunais superiores por pais a escolherem filhos para assessores diz tudo.
Acabaram os favores? – Quem é o novo assessor jurídico da EDP com 10.000 € mês?
Acabaram as injustiças? – Felgueiras, Avelino, Isaltino, Major Batatas, Apito dourado, Casa Pia, apropriação e politização da magistratura, PJ, Chefias militares…etc!


E quem são os culpados deste estado de coisas? É essa corja de funcionários públicos baixinhos, dos militares, esses chulos que agora se manifestam nas ruas, dos GNR’s que são corruptos na BT e os polícias que só querem gratificados. Estes são os grandes culpados, sim culpados, culpados por terem sustentado esses cagalhões no poder sem nunca se manifestarem a sério. Os primeiros paralisando por completo o país com uma greve a sério, os outros por deterem o maior poder reivindicativo que existe e só o usarem em missões ditas de paz, em policiamentos ou na perseguição de bandidos, nunca para derrubar quem os sodomiza diariamente e se cala quando deles ouve falar mal, detendo a tutela mas nunca saindo a terreiro em sua defesa, porquê será?
Porque me refiro só a estes? -
Porque são os índices da Função Pública mais baixos. O Anexo A à circular nº 1324 da Direcção Geral do Orçamento, não engana.
As gerações futuras que se cuidem que a história condenar-nos-á por nada ter-mos feito.

segunda-feira, maio 08, 2006

Perda Geracional *

Eles sabem que o sonho
é uma constante da vida
duma esperança perdida
de um Abril qualquer
como esta terra cinzenta
em imposto remanso
como este povo manso
vítima de pepétuos assaltos
desses dignitários altos
que em luxo e oiro habitam
e estas gentes que gritam
pl'o país de norte a sul

Eles sabem que o sonho
do povinho se esfuma no tempo
coitadinho, alarve e sebento
sujo, vulgar e sisudo
que fuça através de tudo para obter o sustento

Eles sabem que o sonho
é mazela, é dor, é de fel
base que sustenta o cartel
lobby conspirando no hall
Ganância neo-liberal
povo bronco, pedofilia
tragédia grega, democracia
que é retórica populista
governo do mundo arrogante
Papoilas, ecstasy, implante
caravana Europeísta
escrava da alta-finança

Euro, offshore, um festim
minarete, Osama Bin
mártir, virgem, matança
cocaína do Delfim
Corja manipuladora
raio que a parta, altiva
vampiros de capa festiva
do alto-crime, financiadora
míssil guiado, radar
super-armas, televisão
desembarque de supetão
na Babilónia milenar

Eles sabem e sonham
que o petróleo comanda a vida
e que sempre que o rico sonha
o mundo sofre e balança
como balsa perdida
no desastre da esperança

* Adaptação aos tempos de “A Pedra Filosofal".